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domingo, 25 de novembro de 2018

Finalmente Saí do Armário
Faz tempo que desejava revelar o que minha alma já dizia em palavras
A gente passa uma vida ignorando verdades que dizem sobre quem nós somos, e preferimos nos pagar de santos desavisados no inferno que é não se assumir.


Não, esse texto não diz respeito sobre sexualidade, mas sobre minha essência, o "eu" que tanto respondemos errado quando perguntados "quem é você?", sempre damos preferência, de forma consciente ou não, em dizer sobre nossa vida profissional.




Já imaginei até como seria se a vida se resumisse a uma entrevista de emprego. No meu caso, respondo publicitário, comunicólogo, redator. A cada vez que metia os pés pelas mãos na resposta, a vida agia feito meme que dá um tapa de mão aberta na cara, se escondendo de vergonha e raiva.


''O publicitário é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é bom
O produto que ele vende''


-trecho de "Autoportifólio", minha versão para o poema
Autopsicografia de Fernando Pessoa.


Depois de tempos escrevendo, essa paixão que carrego comigo desde antes de ser alfabetizado, é que me dei conta da urgência de me assumir.


A vida, tem muitas boas razões de sua vergonha raivosa, pois exemplos não faltaram para eu me tocar. Lembro de momentos da infância, que sem noção alguma, carregava nas mãos a certeza que só hoje enxergo.

Era uma vez, duas e mais…


Devia ser na 3ª ou 4ª série. Faltava menos de uma hora para terminar a aula, e antes de sermos dispensados, a professora pediu para que nós escrevêssemos uma historinha. Boa parte da sala, tratou de eliminar rápido a tarefa. Eu, lembro da sensação de alegria que tive. Não recordo sobre o que era a história, talvez sobre um cão que foi sequestrado.




Me empolguei tanto, que fui um dos últimos a terminar. Restava pouco tempo para o sinal tocar, mas teve tempo da professora ler o que eu tinha escrito. A imagem da professora, encantada com meu pequeno conto, ainda é nítida. Minha mãe, preocupada que seu filho teria aprontado algo, por não ter saído, foi chamada a sala pela professora, que só tecera elogios sobre meu feito.


Não, esse texto não é sobre vaidade. Mas sobre a descoberta de um amor. Amor pelas palavras. Amor pela poesia. Paixão por contar histórias e criar experiências literárias.


Escrevi meu primeiro livro aos 11 anos, sem editora, feito com folhas de sulfite dobradas ao meio, lançado na livraria imaginária do meu quarto. O público cativo eram minha irmã e irmão. Era a história do peixinho Gegê, que vivia altas aventuras no mar, trolando seu arqui-inimigo Tubarão.


Com o sucesso do primeiro, veio o segundo, escrito em co-autoria com meu irmão. Era uma série de Gibis, chamado "Lutinhas". Criamos personagens lutadores, que para salvar a Terra, combatiam inimigos em uma arena. Dessa vez, conseguimos cativar os amigos da escola, que liam as histórias, torcendo pelos personagens protagonistas "Snink" e "Veterano". Na season finale, os dois personagens se enfrentariam. Os amigos, empolgados, fizeram uma votação, para saber quem venceria e salvaria o mundo.



De lá para cá, essa relação com as palavras só cresceu. De verso em verso, lotei cadernos e terabytes do Google Docs. Criei um universo de poemas, histórias, contos.
Agora, de forma oficial, estou a pouco meses de lançar mais um livro. Uma experiência poética que fala de minhas vivências no centro de São Paulo e como se curar do Tédio dessa selva de pedra.


E ainda não tinha me assumido como Poeta e escritor. Parece coisa óbvia. Dãããã! Escreve poesia, logo, poetas é. Mas e a coragem de sair por aí, aos quatro ventos, dizendo para quem quiser escutar e ler:


Sou poeta!
Sou poeta e não aprendi a amar! 
Poeta sonhou e amou na vida.


Não sou nada sem minhas referências. Na adolescência, comi com farinha, sem me engasgar, livros de Fernando Pessoa e me encantei com a "gêneses dos heterônimos". O feitiço foi tão grande, que crie o meu: Manay Deô, heterônimo criativo do publicitário Elidio Santos. Uma entidade literária que me acompanha até hoje, e que sempre gerou curiosidade em quem lia o que eu escrevia em meus perfis na redes sociais, e que ao final assinava com seu nome. Cheguei até criar um perfil no facebook e no Médium.


Sou poeta.
Maestro da minha composição.
Vivo no concreto, distraindo o cinza,
e dele extraio o colorido abstrato
da imaginação.


- Trecho do poema "A Viagem para Dentro de mim"
por @manaydeo


Por influência de um amigo na faculdade, aprendi a sentir o prazer de brincar com as palavras e sentimentos do mundo com as poesias de Carlos Drummond de Andrade. Seguia o mestre, arriscando aforismos e sentenças curtas, que hoje chamam de frases lacradoras, mas sem a superficialidade líquida. Até inventava palavras, correndo o risco de ter minha reputação de redator questionada, já que muitos interpretavam essas "invencionices palavrais", erros crassos.


Drummond, dentre outras referencias, foi a pedra filosofal no meu caminho que serviu como gatilho, para que na faculdade de publicidade e propaganda, eu decidisse: vou seguiria minha trajetória profissional como Redator Publicitário.
Escrevendo, descobri que eu não sei fazer nada sem me entregar.


No início, meus versos pareciam com os das minhas referências. Natural para quem está começando a se descobrir. Mas logo, encontrei meu estilo.
O que me impede de ser?


Então, que coragem é essa que faltava para dizer: Sou Poeta? Com tanta coisa escrita, livro saindo do forno, custava logo se assumir? Verdade seja dita, quantos conseguem ter a sorte dos poucos, que logo cedo se descobrem para o que nasceram. Eu não ganhei nessa loteria, e por muito tempo tive que viver a vida de um rapaz comum da periferia: Trabalhar, ajudar em casa, estudar.



Não, esse não é um relato sobre minha vida. Minha intenção não é te conectar com o que tive que ralar e conquistar. Quero partilhar minha experiência de descoberta como poeta e escritor. Dividir esse peso, escrevendo.


Escrever para viver,
na esperança de nunca parar. 
No máximo para inspirar.
No mínimo, para transformar.


Hoje, minha resposta ao "Quem é você" é uma contínua construção que escrevo como poeta, escritor e criador. Seja lá o que foi que me impediu de sair do armário, agora crio meu texto de coragem. Manifesto de sinceridade para ser justo comigo e com o que o universo me entrega.

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Elidio Santos

Poeta | Escritor Criativo | Especialista em Redação Publicitária e Criação de Narrativas | Inventor dos heterônimos Manay Deô | Salatiel | Aristiliano | Canistro Balthamos | Solenildo | Aster Yrota | Co-Criador do Canal no YouTube Dose Publicitária | Twitter e Instagram: @elidiosan - >📬 elidio.publicitário@gmail.com

Manay Deô | Heterônimo Poeta Publicitário Sou #poeta, brinco com #palavras e inventor #palavrários como #redator de #poesiapublicitaria e Soul #Heterônimo criativo e #artista - > 📬 manaydeo@gmail.com

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