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quinta-feira, 23 de julho de 2020

Privilégio nem te conto
A cara pálida do privilégio custa muito caro prá quem sobrevive ante ao efeito colateral da desigualdade que a pandemia tem escancarado.
Quem tem privilégios, a torpe e a direita, os detém a bel prazer para si. Pra usarem e abusarem até quando erram feio.

Dizem que errar é humano. Humpf! Me diz se isso se aplica a quem é desumano com tanto privilégio assim, sem vergonha na cara, tendo consigo todo luxo de errar nesse nosso Brasil em brasa,  quantas vezes for necessário?


Até quando o erro é irreparável, não tem erro prá vocês. Tem a sua disposição, por causa direta do seus privilégios, o direito amplo de gozar no espaço aberto da mídia, pra ter seu pleno direito de resposta garantido, nem que seja prá continuar dizendo o que disseram, mas noutra estética, com a boa e velha desculpa do “tiraram de contexto”, ou a “mídia Globo lixo me persegue.


@albertobenett , publicada na Folha de S. Paulo em 16/07/2020

Vai preto, pobre e favelado errar. Leva logo tapa na fuça. Joelho no pescoço, gravata, botina na jugular.

Vai noiz, que fala noiz, probrema, previlégio fazer festa em quarentena e dizer aos quatro ventos “foda-se a vida”, “a vida é minha”, "a vida segue".


É logo cassetete no lombo, destrato, esculacho, coronhada, bem em frente da nossa própria casa.


O sol do direito por lazer e diversão não brilha para todos.

Ou você acha mesmo que me esqueci como terminou o baile funk de Heliópolis? Quem apanha e morre, não esquece.

Aqui na favela a vida é preto no branco, sem o filtro do instagram. Sem milhões de seguidores da branca azeda. Essa aí é tipo a Barbie fascista do meme, que tem ao seu lado uma pá de zé povinho, prá defende-la: 


tadinha, erraram, todo mundo erra,

perdoa, elas estavam bêbadas, quem nunca”. 

Aqui, com a gente, tem ninguém não que vem te botar prá cima. Tem é quem vem botar a bota em noiz, pra botar a gente pra dentro da vala se puderem. E sempre conseguem. Vem mesmo é uma pá zé povinho dizer:


"a lá, num falei que essa gente é tudo assim.

Quando não caga na entrada, caga na saída"

Quisera noiz, noiz memo, chegar na cara do gambé, apontar o dedo e dizer com a cara e a coragem:


 “aqui é favela, porra”.


Vai nessa jão.


gradação do tom da nossa pele, quanto mais retinta é, parece servir de imã de opressão, tapa de mão aberto na lata.


Pensa o que? Aqui tamo mais pra AllFavela.

Por menos, a gente morre aos montes nos morros, por entre becos e vielas.

A gente não tem os pontos sociais do privilégio prá gastar na vida, e esbanjar errar a torpe e direito.


A maioria esmagadora de noiz, gente preta e favelada, se esforça pra sempre correr pelo certo. Mas vem a sociedade, e seu racismo estrutural, esmagar nossos corpos ainda mais.



por @cartunista_das_cavernas

Mesmo a gente em casa, na suposta segurança do nosso barraco, eles invadem, atira pelas costas e ainda tenta dá sumiço no B.O. que é nosso corpo preto morto prá eles.

E a gente nem pode falar nada, que já vem de novo, os mesmos zé povinho de sempre, defendendo rato cinza, dizendo que noiz, que sofre, apanha e morre, ainda estamos difamando a imagem da polícia.


Deu rui, Barbosa, esses canalhas tão sempre achando modo melhor para dá sempre bom, mesmo com as cagadas que adoram repetidas vezes obrar em fazer.

E muito de nós, infelizmente, temos que se arriscar pra sair pra trabalhar, já que não veio auxilio de governo porra nenhuma. Estado zero? Estado mínimo? Olha, eu devo ser mais amcap e liberal que muito zé ruela engomadinho por aí viu, pois há tempos que o estado nem tá aí prá gente.

E muitos de nois, ainda andam se entregando aos Apps que tem automatizado a precarização sobre duas rodas das bicicletas e motos.


Ou sou trouxa mesmo, pois mesmo correndo atrás do que é eu meu, ainda me vejo me sentindo culpado por tá furando a quarentena prá trabalhar.


por @jota_camelo_charges

É embaçado mesmo essa fita de privilégio. Quem lembra, nos anos 80 e 90, quando ainda não havia a porrada de celular e câmera de vigilância de hoje, a Rota (a tia Rute, ou nave mãe no nosso dialeto) que na Rota do crime, deve ter matado mais que a guerra do Vietnã.

Lembro até do flagrante de um cinegrafista amador, que filmou uma abordagem na favela Naval em Diadema, São Paulo, onde os políça parava trabalhador com carteira de trabalho na mão, voltando do trampo a noite, implorando pra ser liberado, levando tapão de mão aberta na cara.


Cê é loko jão. E esses privilegiados ainda vem como? Com esse papo de Armar a população, disparando nosso coração de medo pois, noiz, já sendo alvo, vai ficar ainda mais fácil de sermos atingidos em cheio.



Essa pandemia tá derrubando muita gente. Preta e pobre principalmente. E essa pandemia tem também escancarado a olho nu todas as fitas cruéis que esse país não para de rodar.

Tá aí, passando o filme, pra quem tem olhos e coração prá ver.

Quem não que ver, passa por cima de noiz e nem sente.

Quem tem privilégio, se dá o luxo de estar entediado.
Cansado de estar em casa.
De relativizar que não morreu tanto assim.

E ainda, a pretexto de só vencer argumento, dizer que se preocupa com a violência publica, falando que morre mais por assassinato do por corona.


Bota uma coroa em quem diz isso de boca cheia mais nunca nem chegou perto de um cadáver crivado de bala bem na porta da sua casa.


É foda, queria que esse papo de privilégio fosse mesmo alguma história da carochinha. Mas essa fita é real, cruel nos mata todo dia. Sabe quando fazem piada que preto só sobe na vida só se for de elevador?

Então segura, arrombado.


Foi a patroa que apertou o botão pro filho da domestica subir e morrer na queda do prédio. A dondoca tá solta. Ela teve direito de resposta em plena na tela da Globo que vocês enche a boca pra dizer que é lixo.


Quem lacra e lucra são vocês.

Noiz lacra é cada vez mais os caixões.

Somos soterrados ao quilos, sem valor na vala comum da paisagem que se tronou a violência que o privilégio de vocês inflige contra noiz.


E eu, como tantos outros temos perverso privilégio de viver na carne essa realidade que não cabe num conto se eu tiver que dizer todo resto da história.


Manay Deô | Heterônimo Poeta Publicitário Sou #poeta, brinco com #palavras e inventor #palavrários como #redator de #poesiapublicitaria e Soul #Heterônimo criativo e #artista - > 📬 manaydeo@gmail.com

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