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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Amnésia
Sobre Esquecimento e a formatação neural para sobrevivência da memória em tempos de lembranças turvas e trevas.

Dias desses,
que quase nem me lembro,
me peguei apegado
ao passado
que me parece,

agora,
quase
apagado .

No brilho da
brasa desse
instante,
que já é quase antiguidade,
bem no limiar da chama
que se extingue,
divaguei:

Faz um tempo,
nem tanto tempo assim,
que o tempo
faz um tempão.

Ontem, uma década.
Hoje, um amanhã
que demora eternidades.

Dias desses
só me salvo
quando falha
a memória:

- Esqueço, logo, resisto.

Minha memória
declarativa,
pede explícito
socorro:

delete esses
tempos turvos,
ou esqueça
lembrar
suas saudades.
Suplico em nome
das minhas lembranças:

Não me faça ser apenas
quem segue procedimentos,
quero armazenar
meus melhores momentos
em memoriais de recordações vivas.

Quero até que
minha memória implícita
seja consciente,
e não só os gestos
comportamentais
de sobrevivência,
automatizados
pela forma confortável
da monotonia
de dias de mortes
normalizadas.

Os momentos que nem sei, ficam perdidos em algum lugar que um dia me lembrarei.

As horas que me percebo,
parecem um tiro na raia
da corrida pela vida.
Corro pelas linhas
de sinapses nervosas,
para me queimar menos

dessa cruel realidade;
voar é estar doente dos pés.

Não sei lidar
com o preço
do peso
de tanto pesares:

para milhões
de pessoas,
apenas a pena
da vida perdida.

Mais nada.

o lado do abismo
lotado de lucros
e mais lucros,
ao custo
de tantas vidas


Para os tantos
desses poucos,
mais, e mais,
e muito mais.
sempre muito mais
que as mãos dos muitos
que nada tem,

conseguem suportar.

 

Os momentos que nem sei,
ficam perdidos em algum lugar

que um dia me lembrarei:
 
- eu vivi mesmo
este momento?
 
Todos os dias parecem iguais.
Brincaram outro dia:

- agora as semana 
tem três dias,
e se chamam

o ontem
o hoje
o amanhã
 
As horas,
são o que a janela da cozinha
me mostrar:

é dia?
é noite?
começo?
término?
vivo?
morro?
alucino!!!

Dia desses
que termina onde começo
a lembrar
se foi eu quem escrevi:

- ainda estou
o poeta
que me sou?

Dias desses,
quase
nem me lembro.



Manay Deô | Heterônimo Poeta Publicitário Sou #poeta, brinco com #palavras e inventor #palavrários como #redator de #poesiapublicitaria e Soul #Heterônimo criativo e #artista - > 📬 manaydeo@gmail.com

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